Mundo Pet: Leishmaniose, uma zoonose com poucas chances de cura e que requer cuidados diários

Endêmica em mais de 76 países, a Leishmaniose é o tipo de zoonose afeta vários animais, inclusive gatos

Lesões ulcerativas, emagrecimento, crescimento exagerado das unhas e febre. Em pets, estes podem ser sinais de leishmaniose visceral, uma das zoonoses – doenças infecciosas naturalmente transmissíveis entre animais e seres humanos – mais significativas do nosso dia a dia, com mais de 12 milhões de pessoas infectadas em nível mundial.

Estudos recentes mostram que, além dos cachorros, gatos e outros animais podem ser reservatórios do protozoário causador da leishmaniose. “Os cães são considerados os principais reservatórios da doença para o ser humano, mas não são os únicos: a doença também pode se instalar em animais silvestres, como quati, gambá; roedores, como capivara; mamíferos, equinos e, inclusive em gatos, os quais eram considerados refratários, mas estudos recentes mostram o contrário”, conta o médico-veterinário, professor de doenças parasitárias dos animais domésticos da Universidade de Franca e franqueado da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Dr. Rafael Paranhos de Mendonça.

A leishmaniose visceral é endêmica em 76 países e, no continente americano, está descrita em pelo menos 12. Dos casos registrados na América Latina, 90% ocorrem no Brasil. E mais: está entre as dez principais doenças tropicais negligenciadas, uma vez que nem sempre sua notificação – que é obrigatória – é devidamente realizada pelo médico-veterinário à Vigilância Sanitária local.

“Assim, a leishmaniose tem se alastrado e o impacto é muito grande, tanto nos animais, quanto nos seres humanos”, alerta o médico-veterinário, lembrando que a doença pode ser fatal e, na maioria dos casos, o tratamento tem efeito sobre os sinais clínicos, podendo não acontecer a eliminação do parasito do corpo.

Esperança e controle em animais

 Os sintomas da leishmaniose podem ser confundidos com os de outras doenças, como a dermatite. É o que contam William da Silva Rocha e Brena Querzia Ferreira dos Santos, tutores do Bethoven, um cachorro da raça Golden Retriever, de 3 anos e 2 meses de idade: “Descobrimos o diagnóstico de leishmaniose em fevereiro deste ano. Num primeiro momento, os sinais clínicos foram manchas mais escuras na pele, muita caspa e queda de pelos. Acreditávamos que era uma dermatite e estávamos tratando como tal. Mas, depois de algum tempo, começou a remelar os olhos, abrir feridas nas extremidades e cair pelo das pontas das orelhas. Ele parecia bem, pois comia e brincava normalmente, mas, como não estávamos vendo melhora dos sintomas, levamos novamente à clínica veterinária e foi aí que tivemos nosso susto, com a confirmação da doença. Na nossa ignorância, pensávamos que teria que fazer eutanásia”.

Após as médicas-veterinárias explicarem que a leishmaniose tem tratamento e Bethoven tem grande chance de ficar bem, vieram o conforto e a esperança. “Logo que ele foi diagnosticado, começamos o tratamento com medicamento manipulado e vitaminas para ajudar o fígado e os rins. No segundo mês, voltamos para refazer os exames e pesá-lo novamente. Como temos outro cão [Tody] em casa, fizemos todos os exames e descartamos a possibilidade de ele também estar infectado. Bethoven ganhou peso, a pelagem começou a crescer novamente e as feridas começaram a cicatrizar. E, então, no terceiro mês, utilizamos uma nova fórmula manipulada. Já estamos no começo do quarto mês de tratamento, sempre na esperança de uma cura completa da doença”, completa o tutor. O medicamento é manipulado na DrogaVET em forma de biscoitos e com sabor constantemente variado, para Bethoven não enjoar.

Saiba mais sobre a doença

A leishmaniose é causada pelo protozoário do gênero Leishmania, transmitido pela picada da fêmea flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis) infectada, popularmente conhecida por mosquito-palha, tatuquira, cangalhinha ou birigui. Como o mosquito – de 2mm de tamanho – não é identificável a olho nu, é importante que se faça uso de tela mosqueteira, como proteção nos ambientes em áreas endêmicas.

“O mosquito-palha começa a picar ao entardecer. Então, nas regiões conhecidamente endêmicas, é interessante que cães fiquem em canis telados, após esse horário, além de colocar tela em toda a casa, para a proteção dos animais que compartilham o espaço com os humanos. Coleiras inseticidas e repelentes próprios para animais também são boas formas de prevenção”, indica Dr. Rafael.

O diagnóstico definitivo da leishmaniose é confirmado com a punção de linfonodo, fígado, baço ou líquor da medula espinhal. “Também temos a opção de teste rápido, para fazer a triagem, além da sorologia e do PCR real time. Mas o mais importante é, em casos suspeitos da doença, fazer o diagnóstico confirmatório o quanto antes”.

Apesar da evolução no tratamento, não existe garantia da eliminação do parasita. A cura é clínica; os sintomas diminuem, somem, mas podem voltar. O importante é fazer o diagnóstico e seguir rigorosamente o tratamento e as orientações do médico-veterinário.

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