Projeto Sinestesia apresenta espetáculo gratuito no CIS-Guanabara, dia 8 de novembro

O projeto “Sinestesia: Dança e Poesia Além dos Sentidos”, que oferece oficina gratuita de dança adaptada, música e poesia em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e na modalidade Tátil para 25 pessoas com deficiências visuais e múltiplas (surdocegueira) da Região Metropolitana de Campinas (RMC), realiza seu espetáculo de encerramento, às 17h30 do próximo dia 8 de novembro, no CIS-Guanabara (Centro Cultural da Unicamp), em Campinas. “As performances celebrarão a conexão entre dança, música e poesia em uma experiência sensorial única. Já a oficina inclusiva buscou ser uma ferramenta de transformação na trajetória dos participantes e de rompimento de barreiras e preconceitos”, explica a diretora geral Keyla Ferrari Lopes.

 

O espetáculo gratuito será acessível em Libras e contará com recursos de audiodescrição. Além de Keyla, o multiartista Coré Valente assina a direção geral do show. Ele também é responsável pela direção musical, que conta com o apoio voluntário do percussionista Bidi Rodrigues. O artista Sílvio Leme, que também é professor do projeto “Sinestesia”, fará um solo de mímica. As apresentações contam ainda com o apoio de outros voluntários e voluntárias, como Teresa Cristina Lopes e Lílian Cardoso que participarão de alguns shows de dança. O Coral Coromim entoará cânticos durante as apresentações dos alunos do projeto. E o escritor e videomaker Carlos Lopes fará a condução do espetáculo através de seus textos.

 

As aulas do projeto “Sinestesia: Dança e Poesia Além dos Sentidos” começaram em março deste ano e ainda estão sendo realizadas no Centro Cultural Louis Braille (CCLBC) e no Espaço CIS-Guanabara – Centro Cultural da Unicamp, ambos em Campinas. O projeto foi formatado para atender exclusivamente mulheres cegas e surdocegas, que foram as primeiras a se inscreverem. Mas, diante da procura por inscrição de homens com deficiência visual, a diretora artística do projeto Keyla Ferrari Lopes, bailarina pedagoga, intérprete de Libras e arte-educadora, ampliou o público-alvo.

 

Inspiração ao projeto

 

A massoterapeuta Paula Neves, que nasceu com baixa visão porque sua mãe contraiu toxoplasmose na gestação e ficou cega totalmente por conta de um descolamento de retina em 2006, foi uma das pessoas inspiradoras, segundo a professora Keyla, para que o projeto “Sinestesia: Dança e Poesia Além dos Sentidos” fosse executadoPaula faz aula de dança em outro projeto da Keyla em Hortolândia. “A dança chegou pra mim num primeiro momento pela Secretaria de Cultura Hortolândia, com o projeto Dança com Ele.” Presidente da AHDEV (Associação Hortolandense de Deficientes Visuais), Paula convidou os associados a participar.

 

“Depois, recebi o convite para participar do projeto em Campinas. Eu vi nesse momento uma oportunidade para me desenvolver mais, para conhecer mais pessoas, para ampliar mesmo essa rede de relacionamento e melhorar também o meu próprio desenvolvimento, já que eu também sou uma pessoa com deficiência visual”, disse Paula. Segundo ela, a chegada dos homens com deficiência visual nas aulas só agregou. “Eles entendem o quanto é importante que as mulheres se desenvolvam tanto na orientação espacial quanto na expressão, saber se expressar, saber se posicionar também com relação a eles.”

 

Inspiração ao aprendizado em Libras

 

O aluno surdocego Luiz Pantullo já era aluno de Keyla em outro projeto, mas, ao saber que homens cegos e surdocegos haviam se inscrito nesse projeto, também resolveu participar. Ele tem surdez congênita e síndrome de Usher (doença hereditária caracterizada pela perda parcial ou total da audição e diminuição progressiva da visão), o que o deixou com apenas 10% da visão. Hoje, comunica-se por meio da Libra Tátil. “De qualquer forma, eu já tinha a intenção de trazê-lo para o projeto, para ser um pilar, para contribuir com a sua experiência”, contou Keyla.

 

Foi no Centro de Apoio e Integração do Surdocego Múltiplo Deficiente (CAIS) Campinas que Keyla conheceu Luiz, há quase três anos. “Eu gosto muito de dançar”, contou Luiz. “A professora Keyla desenvolveu um método de apertar as minhas mãos e sei para qual direção eu devo ir, mas, para tudo sair certo, é preciso treinar e decorar os movimentos.” Sua presença motivou as alunas com deficiência visual a aprender Libras, que pediram a Keyla que as ensinasse. “Estou ensinando, mas confesso que nunca tinha ensinado Libras para pessoas cegas.” E diz que quem mais aprende é ela com eles, que a ajudam ainda a esquecer que é uma paciente oncológica. Ela celebra pouco mais de um ano em remissão de um câncer de mama.

 

Oficinas do projeto Foto Fabio Barella
Alunos na oficina do projeto Sinestesia /Foto: Fabio Barella

Serviço:

 

Espetáculo gratuito do Sinestesia

 Data: 8 de novembro

 Horário: 17h30

 Local: CIS Guanabara (Rua Mário Siqueira, 829, em Campinas)

 Estacionamento: gratuito

 Direção Geral: Keyla Ferrari

 Direção Artística: Coré Valente e Keyla Ferrari

 Participações Especiais: Bidi Rodrigue, Carlos Lopes, Coral Coromim, Sílvio Leme, Teresa Cristina Lopes e Lílian Cardoso

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