Diabetes: pandemia silenciosa atinge mais de meio bilhão de adultos

O mais recente Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF Atlas, 11ª edição, 2025) estima que o Diabetes tenha atingido 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos em 2024, o equivalente a 1 em cada 9 adultos no mundo. Se as tendências atuais persistirem, esse número deve subir para 853 milhões em 2050. A magnitude do problema se expressa também em mortalidade e custos: em 2024 o Diabetes foi responsável por aproximadamente 3,4 milhões de mortes; e os gastos relacionados à doença já ultrapassam US$ 1 trilhão por ano.

Professora do curso de Nutricao da Unimetrocamp Wyden Erica Blascovi Divulgacao
Érica Blascovi, professora  da Unimetrocamp Wyden /  Divulgação

 

De acordo com a professora do curso de Nutrição do Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, Érica Blascovi, um dos aspectos mais alarmantes do cenário global é o subdiagnóstico. A IDF estima que cerca de 43% das pessoas com Diabetes – aproximadamente 252 milhões de adultos – não sabem que têm a doença, o que aumenta o risco de evolução para complicações graves antes do diagnóstico e do tratamento adequado. “A proporção de não diagnosticados é ainda mais elevada em países de baixa e média renda, ampliando desigualdades em saúde”, alerta a profissional.

 

 

Brasil: magnitude e tendências

 

No Brasil, a vigilância nacional e as sociedades médicas mostram um panorama de crescimento constante. A última Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), registrou em 2024 que a prevalência autorreferida de Diabetes nas capitais brasileiras atingiu aproximadamente 10% da população adulta, um marco histórico na série temporal do inquérito e indicador do avanço da doença nas áreas urbanas. “Esses números representam um aumento relevante nas últimas décadas e são acompanhados por altas taxas de fatores de risco, como excesso de peso, sedentarismo e consumo de ultraprocessados, que alimentam a epidemia de Diabetes tipo 2”, explica a Érica.

 

Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a prevalência nacional em patamares que variam conforme as fontes e metodologias é de 7% a 10% da população adulta, ou seja, cerca de 20 milhões de pessoas vivendo com Diabetes no país. A SBD também ressalta que uma parcela significativa permanece sem diagnóstico e que a carga de complicações (retinopatia, nefropatia, amputações) segue como desafio.

 

O que os números significam: implicações práticas

  1. Subdiagnóstico elevado: milhões de pessoas não recebem rastreamento regular; por isso, campanhas de triagem (glicemia de jejum, hemoglobina glicada em grupos de risco) e acesso primário fortalecido são urgentes.
  2. Prevenção primordial: controle do excesso de peso, alimentação saudável e atividade física continuam sendo as estratégias mais efetivas para reduzir o aparecimento do Diabetes tipo 2.
  3. Custo econômico e social: o gasto global com Diabetes já ultrapassa um trilhão de dólares; investir em prevenção e manejo precoce reduz custos hospitalares e perdas de produtividade.
  4. Desigualdades: o peso da doença recai de forma desproporcional sobre populações de menor renda e regiões com acesso restrito a serviços de saúde. Políticas públicas precisam priorizar equidade.

De acordo com a professora do curso de Nutrição, é necessário intensificar o rastreamento dirigido a grupos de risco (idade avançada, obesidade e histórico familiar); fortalecer ações intersetoriais de prevenção (taxação e rotulagem de ultraprocessados, promoção de ambientes ativos e políticas escolares); e garantir acesso a diagnóstico, educação em Diabetes e terapias essenciais (insulina, medicamentos orais e tecnologias de monitorização) para reduzir complicações.

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